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segunda-feira, 18 de julho de 1983

À descoberta de Ordesa ... a caminho de França

A 15 de Julho de 1983, estávamos a partir rumo a terras de França ... passando por mais uma das grandes regiões naturais da Península Ibérica, os Pirenéus. Nas muitas viagens de adolescência, com os pais, claro que os tinha atravessado muitas vezes, em pontos diferentes ... mas uma coisa é atravessá-los, de automóvel, e outra completamente diferente é embrenharmo-nos nas paisagens de alta montanha, explorando os vales, os portos de altitude, as pequenas aldeias, as tradições e a história de populações que, em muitos casos, viveram quase que isoladas ao longo de séculos.
Em 1983, o Parque Nacional de Ordesa, nos Pirenéus aragoneses, tinha sido recentemente ampliado para mais do dobro da sua área inicial, quando foi criado em 1918, juntamente com o de Covadonga. Para além do vale de Ordesa, o Parque abrangia agora todo o maciço do mítico Monte Perdido, bem como os vales circundantes de Pineta, Añisclo e Escuaín. Para uma primeira abordagem aos Pirenéus, escolhi o vale de Ordesa como "cartão de visita" da cordilheira que nos separa do resto da Europa, tanto mais que íamos realmente passar os limites da Ibéria.
O vale de Ordesa e, ao fundo, o Monte Perdido
E assim, dois dias depois de sairmos de Lisboa, estávamos no simpático Camping "Edelweiss", na simpática vila de Biescas. O dia seguinte, 18 de Julho, dedicámo-lo à deslocação até Torla e ao conhecimento do vale de Ordesa, percorrido a pé em toda a sua extensão, até à Cascata de Colla de Caballo, no fundo do vale, aos pés do Monte Perdido. Foram cerca de 19 km ... e a primeira caminhada a sério do filho mais velho ... apenas com 5 anos! Claro que muitos troços ... foram às costas do paizinho...J!
E que espectáculo de caminhada! Subindo o curso do rio Arazas, íamos gradualmente passando dos pouco mais de 1300m de altitude aos 1800m da cascata, ora atravessando densos bosques de faias, ora abeirando-nos do rio e das múltiplas quedas e cascatas que formam as chamadas Gradas de Soaso. De um e outro lado do vale, os paredões rochosos acompanham-nos sempre, fechando-se num circo de montanha, junto à imponente Colla de Caballo.
Estávamos próximo de nomes célebres e míticos dos Pirenéus: por cima de nós, o maciço do Monte Perdido, que, com os seus 3355m de altitude, é o terceiro ponto mais alto da cordilheira; a leste, para lá da mole do Monte Perdido, o vale de Pineta; a norte, a célebre Brecha de Rolando, passagem natural de alta montanha para a vertente francesa e para o celebérrimo Circo de Gavarnie; e muito mais ... que ficaria para outros anos, outras "aventuras". Esta primeira incursão nos Pirenéus deixaria aliás marcas profundas na minha contínua "adesão" à montanha, na formação do que sou hoje. Por diversas vezes voltaria a Ordesa e à região pirenaica, com alunos, em família ... e não só.
Lamentavelmente, não possuo qualquer registo fotográfico desta minha primeira abordagem aos Pirenéus. A caminho como disse de terras de França, de Ordesa seguimos para Tours ... e Paris ... onde o nosso VW Brasília foi assaltado, no Bosque de Bolonha, tendo sido roubado material fotográfico e as películas já registadas! A raiva e a impotência foram tantas ... que regressámos a Portugal directamente. O resto das férias ... foram em Santa Cruz e "arredores".


A caminhada do vale de Ordesa no Wikiloc / Google Earth:



3 de Fevereiro de 2011