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domingo, 5 de agosto de 1984

Do cume da Serra Nevada à planura das Tablas de Daimiel

Em Fevereiro de 1984, o meu e o nosso contacto "itinerante" com a Natureza tinha mudado de meio de transporte: tínhamos comprado uma velha carrinha Volkswagen, adaptada para campismo ... muito idêntica à velha carrinha do Ribau ... inclusive na cor! Quis o destino que a tivesse apenas por dois anos, mas em Junho de 1984, acabadas as aulas e pouco tempo depois de regressados da Serra da Nogueira ... já estava a transportar nela alguns alunos, para Porto Covo, onde  com  eles  passámos  4  dias,  acampados
Em Sanlúcar de Barrameda ... frente a
Doñana, 16.07.1984
nos pinhais próximo da vila. A "marca" do Ribau continuava a reflectir-se...

A 14 de Julho desse mesmo ano, a bordo da nova casa rolante, partimos os quatro para um dos meus poucos périplos pela metade sul da Península Ibérica, incluindo uma pequena incursão a Ceuta ... talvez como ensaio para a "aventura" do ano seguinte...! Já com quase 3 anos, foi também a primeira viagem do nosso mais jovem herdeiro.
Cordova, Cadiz, Algeciras, a ida a Ceuta, a Costa del Sol, Granada ... e estávamos na Serra Nevada!
Subida da Serra Nevada, 23.07.1984
2000m de altitude
Na estrada mais alta da Europa!
No Pico Veleta, 3398m alt., 23.07.1984

Com os seus 3478 metros de altitude, o cume da Serra Nevada - o Pico Mulhácen - é o ponto mais alto da Península Ibérica. Na altura, chegava-se de carro até ao Veleta, o segundo pico, a 3398 metros; a estrada era então considerada a mais alta da Europa, mas foi encerrada ao trânsito 5 anos depois, com a passagem da Serra Nevada a Parque Nacional.
A panorâmica que se admira do cimo do Veleta é qualquer coisa de sensacional. Já lá tinha estado, também de carro, durante as viagens com os pais, lembrava-me da "magia" daquele local. Dessa primeira vez, tivemos aliás o magnífico brinde de um dia de fabulosa visibilidade: não será vulgar vermos a Espanha até ao mar, o Mediterrâneo de lado a lado ... e a costa de África do lado de lá das águas!
O Mulhácen visto do Veleta, 23.07.1984
Na estrada mais alta da Europa, Serra Nevada, 23.07.1984
Descemos a serra pelo lado sul, atravessando a região das Alpujaras, de enorme beleza natural. Vales férteis, salpicados de pequenas aldeias de montanha, como Trevelez, Capileira, Pampaneira e outras.
Era assim em Julho, ainda acima dos 3000 metros de altitude!
Atravessando as Alpujaras, 23.07.1984
Na costa sul, seguiu-se Almeria, Alicante e Valencia, para depois inflectirmos para o interior, rumo a terras de Castilla la Mancha. E, em Castilla la Mancha, esperavam-nos duas importantes zonas húmidas, ambas relacionadas com o alto Guadiana: as Lagunas de Ruidera e o Parque Nacional das Tablas de Daimiel.
Lagunas de Ruidera, 2 de Agosto de 1984
Ao encontro de D. Quixote...
Naquelas planuras sem fim, quase nos parecia ver aparecer a figura de D. Quijote de la Mancha, lutando com os seus moinhos de vento...!
Parque Nacional das Tablas de Daimiel, 3.08.1984
De pequenino se começa a caminhar...J
As lagoas e pântanos daquelas paragens perdidas davam cor e vida à planície! Nas Tablas de Daimiel, juntam-se os rios Gigüela e Guadiana. Era o lar de muitas espécies de aves, algumas durante todo o ano, outras migratórias. Contudo, a sobrevivência do Parque está hoje ameaçada, devido à sobre-exploração dos aquíferos; sem abastecimento de água, a reserva sofre duras secas.
Tablas de Daimiel, 3.08.1984 ... uma paisagem que hoje não existe assim...
Das planícies manchegas subimos para Toledo e Madrid, contornando depois a Serra de Gredos pelo sul, pela maravilhosa região de Yuste e de La Vera ... em direcção a Vale de Espinho, onde acabámos as férias! Entrámos pela nova fronteira de Valverde del Fresno / Penamacor, mas durante os dias em Vale de Espinho voltámos a Valverde na velha VW. Ainda se compravam caramelos em Valverde...J!
7 de Fevereiro de 2011