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sexta-feira, 25 de agosto de 1995

No fim da Escócia ... e para além dele!

No périplo britânico iniciado duas semanas antes, no dia 8 de Agosto de 1995 estávamos a entrar na Escócia pela "fronteira" de Gretna, entre Carlisle e Lockerbie. De Glasgow,  dirigimo-nos rapidamente para
Castelo de Stalker, Loch Linnhe, 9.08.1995
norte. As paisagens escocesas iam começar a maravilhar-nos, primeiro ao longo do Loch Lomond, depois atravessando as esplêndidas florestas de Argyl. Por Inveraray e Connel, a paisagem aliava o verde das florestas ao azul dos Lochs e do mar, o mar das Hébridas interiores, do Mull of Kintyre, o mar do qual aliás vários Lochs são autênticos fiordes, como o Loch Fyne ou o Loch Linnhe, no qual o Castelo de Stalker parece acabado de sair das velhas lendas e contos escoceses.
Fort William, ao fundo do Loch Linnhe, abre-nos de certo modo a porta para as Highlands escocesas, ou não ficasse aos pés da mais alta  montanha  da  Grã-Bretanha,  o  Ben Nevis (1344m).  E em Fort
Castelo de Urkuhart, Loch Ness, 9.08 - A Nessie não apareceu...
William tivemos uma exibição surpresa de um jovem gaiteiro, trajando a rigor e brioso da sua típica gaita de foles escocesa.
E as paisagens de sonho levavam-nos ao mais famoso Loch da Escócia ... o Loch Ness. No Castelo de Urkuhart, à beira do lago ... esperámos em vão que a famosa Nessie se erguesse das águas...J!
Próximo de Helmsdale, costa nordeste da Escócia, 10.08
Próximo de Inverness, inflectimos definitivamente para norte. Ao longo da costa leste da Escócia, parecia que sentíamos o "cheiro" do Ártico! Mergulhões, andorinhas árticas e muitas outras aves aquáticas mostravam-nos que estávamos realmente a caminho do fim de uma terra, da terra escocesa "continental".
No dia 10 de Agosto chegávamos a John o'Groats, no fim da Escócia. No mesmo dia 10 de Agosto, mas de 1968, uns dias antes de completar 15 anos ... tinha também chegado à "Last House in Scotland"!
John o'Groats - The last house in Scotland
10.08.1995
27 anos separam estas fotografias
10.08.1968
John o'Groats é um lugar "mágico", um destino mítico, como o Cabo Norte ou o nosso Cabo da Roca. Ali, frente ao North Sea, sente-se o "fim da terra" ... e sente-se o apelo para ir mais além! As ilhas Orkney estavam à vista e, ao contrário de há 27 anos atrás, havia barco a partir de John o'Groats! Assim ... no dia seguinte pela manhã estávamos a embarcar para as Orkney Islands! O barco faz serviço conjunto com  uma  visita  guiada  de  autocarro,
Navegando no Mar do Norte: a caminho das Orkney, 11.08.95
nas Orkney. O inglês do motorista e guia ... mais parecia sueco, ou norueguês, o que mais acentuou a nossa sensação de que estávamos num "outro mundo". Mas era verdade que estávamos praticamente à latitude de Oslo, era verdade que a noite durava pouco mais de 6 horas e que o Sol reinava durante as restantes mais de 17 horas!
O arquipélago das Orkney compreende cerca de 70 ilhas, das quais as mais a sul se ligam à ilha principal - a Mainland - pela Churchill Barrier, uma estrada sobre o mar. O autocarro levou-nos assim de Burwick, a povoação mais a sul, até à capital - Kirkwall - e a Strömness, a segunda cidade. Mas outros atractivos importantes na ilha principal são os vestígios pré-históricos de Skara Brae, considerados o assentamento neolítico melhor preservado da Europa, e o anel megalítico de Brodgar. E da costa nordeste desta Mainland viam-se as ilhas próximas, a norte. Mais a norte ainda ... ficam as Shetland.
De regresso a John o'Groats, o dia 12 foi dedicado à costa norte, do Duncansby Head a Durness, passando pelo verdadeiro ponto mais setentrional da Escócia continental e da Grã-Bretanha, Dunnet Head, e pelas grutas de Smoo, conjunto de fantasmagóricas cavidades
Ullapool, 13.08.1995
rochosas junto ao mar.
Grutas de Smoo, Durness, 12.08.1995
E em Durness pode-se dizer que começou ... o regresso a casa, a "corrida" para sul. Estávamos a mais de 1200 km de Londres ... onde chegaríamos 5 dias depois. Pelo meio esteve Edimburgo, claro, a capital da Escócia, percorrendo depois o leste e centro de Inglaterra, com paisagens bastante menos rurais e bastante mais industrializadas.
A "equipa" em Paris, 22.08.1995
A ilha santa de Lindisfarne e o que resta da floresta de Sherwood foram as únicas áreas naturais a assinalar ... mas não encontrámos Robin dos Bosques...J! "Encontrámos" Shakespeare em Stratford-upon-Avon, visitámos Oxford ... e Londres e Paris completaram este périplo britânico. Paris é sempre Paris...!
Londres, 18.08.1995
Londres ainda teve contudo a curiosidade de estarmos três noites ... em dois campings; o primeiro ... parecia um campo de concentração!

E com oito mil e quinhentos quilómetros percorridos, no dia 25 de Agosto estávamos em casa. Sete anos mais tarde completaria as ilhas britânicas, com outro périplo dedicado à Irlanda e a Gales!
Pelas highlands escocesas, até ao fim da Escócia, 8 a 10.08.1995
E para além do fim da Escócia: ilhas Orkney, 11.08.1995
Regresso por Edimburgo, Londres ... e Paris
25 de Março de 2011

terça-feira, 8 de agosto de 1995

Rumo à Escócia...

Agora que estávamos "autocaravanados", cerca de um mês depois da "aventura Pirenaica" com os alunos, de 19 a 21 de Maio, fazíamos um fim de semana no parque de campismo de Alcobaça. O mote foi o descanso, mas também, no sábado, um almoço de confraternização de naturais de Vale de Espinho, realizado nas Grutas de Santo António, na minha velha Serra d'Aire. Mais cerca de um mês ... e mais um fim de semana, agora na Arrábida, nos parques do Outão e CampiMeco, de 9 a 11 de Junho. E, de 14 a 16
Travessia da Mancha, 31.07.1995
de Julho, as duas autocaravanas e a "equipa" estreada em Outubro do ano anterior, ensaiava em S. Pedro de Muel um projecto começado a esboçar alguns meses antes ... e que viria a ser a nossa maior viagem de sempre: de Lisboa ao fim da Escócia ... e para além dele!
Assim, a 26 de Julho de 1995,  as autocaravanas punham-se a caminho, percorrendo em dois dias os 1400 km que nos separavam do relativamente recente Futuroscope, em Poitiers. O "parque do futuro" foi realmente o nosso primeiro objectivo, bem como um dia passado em família, em Tours. E no último dia de Julho, partindo de Calais ... estávamos à vista das rochas brancas de Dover!
A primeira parte desta "aventura" percorreu o sul de Inglaterra,  até  ao  mítico Land's End,  extremo
As rochas brancas de Dover, 31.07.1995
Blake's Cottage, Felpham, 1.08.1995
ocidental da Cornualha.
Antes, contudo, havia dois pontos "obrigatórios": a Blake's Cottage, a casa onde viveu William Blake, em Felpham, no Sussex, e as pedras milenares de Stonehenge. Então com 17 anos, o meu filho mais velho, tão ou mais romântico do que Blake ... conseguiu mobilizar os outros   11   viajantes   para   o
Em Stonehenge, 2.08.1995
Em Stonehenge em 1968, 27 anos antes!
desvio por Felpham ... à procura da casa ... que era particular...; só faltou entrar e pedir para ser convidado para o jantar...J!
Quanto a Stonehenge é um lugar sempre místico, onde nos sentimos recuar no tempo. Pessoalmente ... recuei 27 anos: em 1968 tinha igualmente contemplado o mais famoso círculo de pedras pré-histórico, com meus pais, durante uma viagem por Inglaterra e pela Irlanda.
Land's End é outro ponto mágico. Sente-se ali o "fim da Terra", como o sentimos no nosso Cabo da Roca, como o sentira 31 anos antes no Cabo Norte,  nas Terras do Sol da Meia Noite,  como no Fisterra galego  ...
Land's End, o "fim" da Cornualha, 3.08.1995
ou como o sentiríamos uma semana depois no "fim" da Escócia! Estávamos no extremo SW da ilha da Grã-Bretanha ... a 1400 km de John o' Groats, o extremo NE!
Ligada também às lendas arturianas, a Land's End seguir-se-ia o castelo de Tintagel, o lendário local onde teria nascido o não menos lendário Rei Artur.
Enseada de Tintagel, 4.08.1995
Tintagel, 4.08.1995
Tintagel, 4.08.1995
"Who so pulled out this sword from this stone and anvil, is the true-born King of all Britain"

(Rick Wakeman, "The myths and legends of King Arthur and the knights of the round table")

E a jornada prosseguiu pela esplêndida costa norte da Cornualha, atravessando o Parque Nacional de Exmoor, rumo a Bath. O País de Gales ficaria para outras "núpcias", e começámos a "corrida" para o norte: Liverpool (onde recordámos os Beatles...), Lancaster ... e estávamos no paraíso de Lake District. Lake District é uma sucessão de paisagens espectaculares, de lagos e de florestas, celebrizada pelos escritos e poesia de William Wordsworth, normalmente considerado o maior poeta romântico inglês. Acompanhar o lago de Windermere é um convite ao romantismo e à poesia ... e às caminhadas, para as quais, numa viagem com estas características, raramente há tempo suficiente.
Panorâmica do Lake District, a caminho de Keswick, 7.08.1995
No dia 8 de Agosto, 14 dias depois de sair de Lisboa ... estávamos a entrar em terras escocesas!
 
De Lisboa a Land's End
De Land's End ... à Escócia
 
23 de Março de 2011