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sábado, 6 de março de 1999

Regresso ao Alvão e ao Gerês ... como orientador de estágio

No ano lectivo de 1998/1999 - 22 anos depois do Estágio Pedagógico, no então Liceu Padre António Vieira, e de me ter tornado professor - aceito uma proposta para orientar estágios do ramo educacional da Licenciatura em Biologia e Geologia. São então colocados 3 estagiários na Escola Secundária de Sacavém, sob minha coordenação, em estreita ligação com a Faculdade de Ciências de Lisboa.
Lamas de Olo (Alvão), 3.03.1999
Evidentemente que um dos valores que desde logo quis transmitir aos meus jovens estagiários, foi a concepção de escola aberta, de uma escola para além da escola, da íntima ligação com o mundo real e com a Natureza "apregoada" e "esquematizada" nos programas curriculares. Assim, no âmbito do núcleo de estágio, recuperámos a ideia do velho Clube "Amigos da Natureza", em que tanto as minhas turmas como as dos meus estagiários funcionaram como polo dinamizador de diversas actividades de campo, da Arrábida à Serra d'Aire, ao Alvão, ao Gerês ... aos Picos de Europa!
A primeira foi de 3 a 6 de Março. Destino: Alvão e Gerês! Turmas: 10º1A e 10º1C. Alguns destes alunos e alunas vinham de trás, tinham
Pitões das Júnias, 4.03.1999
sido meus no 7º e 8º anos, tinham participado nas "aventuras" na Tapada de Mafra e Serra d'Aire, em 95/96, e no Gerês em 96/97. Mais um conjunto de alunos que fez história na Escola ... e nas minhas recordações!
No dia 3 de Março de 1999, partíamos portanto para Trás-os-Montes, bem cedo, que o dia era longo. Primeira escala: o Parque Natural do Alvão. Numa tarde muito cinzenta e meio chuvosa, a aldeia "perdida" de Lamas de Olo parecia mais perdida ainda ... principalmente para olhos que nunca tinham visto aquele outro mundo. "É uma daquelas aldeias que parecem perdidas no tempo, com as ruas de pedra cobertas dos "presentes" das vaquinhas e das cabrinhas!! Estava imenso frio e uma chuva que até doía!! ......
Por volta das 18h45 chegámos a Pitões das Júnias, uma aldeia serrana, situada no planalto da Mourela, frente aos picos mais altos da Serra do Gerês, os Cornos das Alturas e... estava a nevar!! É verdade!! Alguns de nós nunca tinham visto nevar e pudemos confirmar que é uma experiência única!! Chegámos àquela aldeia serrana e deparámo-nos com um lindo manto branco que nos veio cumprimentar!!"
Regresso do Mosteiro de Pitões, 4.03.1999
(descrito por Cristiana Franco, aluna, no site do Clube "Amigos da Natureza", Março de 1999)

E mais uma vez a Sr.ª Maria, na sua "Casa do Preto", recebeu um grupo de alunos, a somar aos tantos outros que já lhe havia levado.
No dia 4 de manhã ... o espectáculo era grandioso. Tinha nevado toda a noite! "Ao abrirmos as janelas dos quartos, não podíamos ser surpreendidos com melhor espectáculo: as ruas, os telhados, os campos... tudo coberto de neve!! Completamente indescritível!!" (idem)
E foi sob pequenos nevões intervalados com pequenas abertas que descemos ao Mosteiro e à Cascata de Pitões. Um ou dois bonecos de neve ficaram durante algum tempo a marcar a passagem do nosso grupo...
Em tantas e tantas "aventuras", este foi o único ano em que tivemos de cancelar a visita a Tourém. A estrada que desce da Mourela àquela aldeia "perdida" estava completamente coberta pela neve. Tourém estava isolada. Assim, mais cedo do que previsto, descemos o curso do Cávado, em direcção às Caldas do Gerês e à "velha" camarata do Vidoeiro.
O  "programa",  mais uma vez,  não diferiu do habitual: brincadeiras e convívios  e,  no dia 5,  o percurso  da
Próximo da Pedra Bela, 5.03.1999
geira romana, passando por S. Bento da Porta Aberta e Covide, até Vilarinho da Furna. "Foi aí que iniciámos um percurso a pé de cerca de 12 Km, ao longo do Rio Homem, por vezes com a companhia da chuva! Atravessámos as Matas da Bouça da Mó e de Albergaria, onde vimos os chamados marcos miliários romanos, junto à estrada romana (geira romana) que ligava "Bracara Augusta" (Braga) a Astorga, em Espanha. Ao longo do percurso, e particularmente na parte final, admirámos as sucessivas cascatas do rio Homem. .... Continuámos a andar (agora sempre a subir) e a paragem seguinte foi numa ponte junto à cascata onde há uns anos alguns corajosos tinham tomado banho, só que desta vez não houve nenhum corajoso!! Andámos mais cerca de 2 km e chegámos ao nosso destino – Portela do Homem. .... Às 14h partimos em transporte do Parque Nacional em direcção ao miradouro da Pedra Bela, um dos mais importantes do Parque e que proporciona uma vista sobre todo o vale, avistando-se daí todas as serranias em redor. Daí seguimos para a Cascata do Arado e alguns ainda se aventuraram a seguir o professor Callixto (as duas professoras também se aventuraram...) por aquelas pedras acima até às piscinas naturais do Arado. Da cascata do Arado seguimos para a aldeia de Ermida, outra aldeia típica, cujas ruas, assim como Lamas de Olo, também estão cobertas de "alcatrão derretido"!!""
(descrito por Cristiana Franco, aluna, no site do Clube "Amigos da Natureza", Março de 1999)
Lamas de Olo e Pitões das Júnias, 3 e 4.03.1999
Gerês e regresso, 5 e 6.03.1999
Regressados ao Gerês e jantados, esta última noite ainda teria uma história que ficou para os anais da Escola, das nossas "aventuras" ... e das memórias de todos. "Foi assim: o Cláudio, do 10º1A, perguntou o que é que íamos fazer nessa noite e a Patrícia, da mesma turma, respondeu: "Vamos caçar gambuzinos!". Então não é que o rapaz acreditou?! Passado algum tempo, já estava o pessoal todo a falar dos gambuzinos e a arranjar maneiras de os ir caçar!! Até o professor Callixto disse que era uma espécie protegida pelo WWF (World Wildlide Fund)!! Mas é que não foi só o Cláudio a acreditar... Também a Sara e a Mafalda, da mesma turma, caíram que nem uns "patinhos"!!! Arranjámos uns sacos e lanternas e fomos à caça dos ditos bichinhos!! Andávamos a gritar "Oh gambuzino, gambuzino, gambuzino!!", ou então "Gambuzino ao saco!"!! O Carlos até fingiu que lhe tinham mordido (sim, porque os gambuzinos mordem, são como os gafanhotos só que maiores, assustam-se com a luz e gostam de locais mais ou menos húmidos...)... Às tantas, até o Cláudio afirmava que tinha visto um a saltar da mão do Carlos!!! A Sara tremia, mas continuava à procura com o saco na mão, a Mafalda estava mais calma mas sempre na expectativa...
A professora Ana é que nos chamou à realidade (a nós e ao professor Callixto...), dizendo que já bastava de caçadas!! Dirigimo-nos para o salão das camaratas e aí, com a professora Ana a filmar, o professor Callixto fez uma espécie de discurso! Disse que os gambuzinos eram uma espécie em vias de extinção e que daquele tipo só existiam no Gerês ("Gambuzius geresinus"). No final, agradeceu a todos a forma como participaram ... especialmente ao Cláudio, à Sara e à Mafalda ... porque foram apanhados para os "Apanhados"!!!"
(descrito por Cristiana Franco, aluna, no site do Clube "Amigos da Natureza", Março de 1999)

Com os meus três estagiários, 6.03.1999
Nesta história, é impagável a altura em que, no decorrer da "caçada" nocturna, toca o telemóvel de um dos que foram "apanhados". Era o pai dele ... que lhe pergunta o que está a fazer. Resposta: "estou a apanhar gambuzinos"!!! E ... resposta do pai: "estás a gozar comigo?"...J!
Mas chegava o último dia. Visitámos ainda o Parque Biológico de Gaia, sempre uma muito agradável forma de terminar estas actividades fora da escola.
E ... "Assim terminaram aqueles quatro dias de ar puro e paisagens bucólicas, que transpiram paz e tranquilidade!! Foi sem dúvida uma viagem inesquecível!!!" (Cristiana Franco)
21 de Abril de 2011