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domingo, 18 de junho de 2006

Com os Caminheiros em terras de Alfândega da Fé

15 a 18 de Junho de 2006 foram 4 dias intensamente vividos com os Caminheiros Gaspar Correia, numa das mais completas e mais conseguidas actividades em que com eles participei.  Depois de uma passagem
Atravessamos o Marão, 15.06.2006
pelo Porto para uma visita à então recente Casa da Música, rumámos a terras transmontanas, mais concretamente ao concelho de Alfândega da Fé e à Serra de Bornes.
Estalagem Srª das Neves: apresentação à Serra de Bornes, 15.06.2006
A aldeia de Cerejais e as instalações do Santuário do Imaculado Coração de Maria foram o nosso alojamento. E logo na primeira noite fomos brindados com um sarau musical pelo agrupamento "Vale Sempre a Pena", de que fazia parte o nosso cicerone local.

A primeira caminhada iniciámo-la próximo da barragem da Esteveinha, 4km a norte de Alfândega da Fé e na encosta sul da Serra de Bornes. Em época de castanheiros floridos, esta caminhada caracterizou-se exactamente pelo atravessar de densas manchas de castanheiros, bem carregados das flores que, no outono, darão os seus bem saborosos frutos. A meio da manhã estávamos a atravessar a aldeia de Sambade e o almoço foi, por sua vez, em Soeima.
De tarde contornámos a vertente sudeste da serra, atingindo os 1100 metros de altitude. Quando terminámos, junto à capela de S. Bernardino de Sena ... tínhamos completado 25km! E nesse mesmo dia,
à noite, voltaríamos a Gebelim para assistir a uma representação do Grupo de Cantares de Gebelim.
No dia seguinte, iniciámos o percurso no próprio Santuário de Cerejais. O dia foi dedicado ao Rio Sabor, o último rio selvagem de Portugal ... antes que aquelas terras fossem inundadas pela projectada barragem. Descemos assim à foz da ribeira de Zacarias, acompanhando depois o curso do Sabor durante mais de 7km. O almoço (e o banho...) foi junto à antiga Quinta de Santo Antão da Barca. E depois ... era preciso voltar a subir; os caminheiros com as "pilhas" mais em baixo, viram aparecer um providencial transporte, providenciado pela organização, com a colaboração da Câmara de Alfândega da Fé. E todos terminámos na aldeia de Parada, com 17km percorridos. De novo em Cerejais ... tínhamos uma merenda transmontana à nossa espera! E o Grupo de Cantares da Santa Casa da Misericórdia de Alfândega da Fé brindou-nos com mais um espectáculo musical.
No 4º e último dia, a música continuou presente nesta nossa jornada em terra transmontana: após uma visita a Alfândega de Fé, visitámos a Exposição "Sons para ver, ouvir e sentir", no Centro Cultural Mestre José Rodrigues, que nos dava a conhecer os instrumentos de música mecânica do Dr. Luís Cangueiro. Depois ... seria o rgresso a Lisboa. E que belos 4 dias ali tínhamos passado.
15 de Julho de 2011
 

domingo, 4 de junho de 2006

"Vale de Espinho, uma melodia a 4 estações" ...
em filme

Depois de ter levado os Caminheiros às minhas terras raianas, no fim de semana de 26 a 28 de Maio de 2006 ... regressámos ao nosso "retiro". Maio ... mês das maias ... a giesta! Os campos, as encostas da Malcata, tudo é um mundo amarelo cerrado, aqui e ali ainda salpicado pela giesta branca.  Dia 27 pego no
"burro" e vou precisamente explorar as encostas das Muretas e das Cortes, para o lado oposto contorno o cabeço do Colmeal, à volta do Alcambar e do regato dos Pradinhos. Mas na manhã do dia 28 lanço-me à descoberta de recantos perdidos da Malcata, faço quase 100km de "burro"! Passando o barroco branco, desço à Ventosa e à Malhada Medronheira, pelos Concelhos vou ao já meu conhecido Cabeço do Pão e Vinho, mas avanço à margem do Bazágueda, até onde o caminho o permite, frente à foz da Barroca da Moita do Padre. Se estas águas e estes lugares contassem as suas histórias e lendas...
Pelas Ginjeiras, descubro os antigos olivais da relva da Maria Mateus; do outro lado do Bazágueda é a Nogueira. Depois reentro por momentos em terreno conhecido, desço à Mouca e visito a ti MariZé, à beira dos moinhos do Bazágueda. Mas avanço para sul, e são precisamente velhos moinhos que se me revelam, contando histórias perdidas de um tempo há muito perdido. O Moinho da Marmita, o Moinho Conselheiro, o da Quarta do Vento, os moinhos do José Cavalheiro, o Moinho do Maneio, em todos parecia ouvir ainda o gemer das velhas mós, há muito paradas ... há muito perdidas. O Moinho do Maneio foi entretanto recuperado e transformado, actualmente, para turismo rural. Pena é que os restantes se encontrem no mais completo abandono ... tal como infelizmente a maioria dos moinhos do Côa.
Já na estrada Penamacor - Valverde, cruzo o Bazágueda e pouco depois entro em Espanha. Entre Valverde e a raia, perscruto novos caminhos, subo ao Labrado Alto em direcção a Corral Hidalgo, mas a dificuldade dos caminhos obriga-me a tomar o já conhecido trilho de Rascaderos e do Muro Julian. Entro pela Portela da Arraia, passo o Ribeiro Salgueiro ... e antes do meio dia estava em casa.



Entretanto, a 4 de Junho de 2006 acabei a montagem do filme que mais gozo alguma vez me deu fazer: "VALE DE ESPINHO, Uma Melodia a 4 Estações". A minha carolice pelo vídeo tinha, obviamente, de ficar ligada a Vale de Espinho de uma forma diferente de a qualquer outro sítio. Não se tratava de uma mera "reportagem" de um percurso pedestre. Ao longo dos anos, eu tinha reunido imagens suficientes para pôr aquele projecto de pé. O filme, com uma duração de pouco mais de uma hora, é assim uma amostragem documental das terras raianas ao longo das 4 estações do ano, das mutações da Natureza e da minha paixão por todas aquelas cores e sensações ... ao mesmo tempo que é, também, uma outra homenagem deixada à memória do homem sem o qual eu não me teria ligado àquelas terras e gentes.









Terminado, como já referido, a 4 de Junho, evidentemente ofereci cópias do filme a familiares e amigos ... e vi o filme ter um "sucesso", em Vale de Espinho e não só, que nunca imaginei. Chegou a haver "sessões" em casa de uns e de outros, pedidos de cópias vindos das "sete partidas". Ao longo dos 5 anos que entretanto se passaram, o filme "VALE DE ESPINHO, Uma Melodia a 4 Estações" ... fez história na história de Vale de Espinho.

E Junho é o mês dos santos populares! Em Vale de Espinho, manda a tradição que o mais venerado seja o S. João! Por isso, no S. João ... lá estávamos; as tradições do S. João estão retratadas no filme.
Mas no próprio dia de S. João, o CAAL tinha uma caminhada em Aldeia da Ponte. Fui assim encontrar-me com o grupo, regressando à "minha" Vale de Espinho. Conheci os moinhos do rio Cesarão, conheci o Santuário da Sacaparte, a própria Aldeia da Ponte. Curiosamente, os organizadores desta caminhada, naturais de Aldeia da Ponte ... no ano seguinte viriam a "alistar-se" nos Caminheiros Gaspar Correia.
Mas entretanto, também em Junho, os Caminheiros haviam-me levado ... às terras transmontanas de Alfândega da Fé.
 
10 de Julho de 2011