Uma semana depois da actividade extra no Gerês e na Serra Amarela ... estávamos na actividade normal de Junho dos Caminheiros Gaspar Correia, no fim de semana de 19 e 20. O destino era a Serra de Montemuro, de acordo com a prospecção feita em Maio e tendo também por base o fim de semana feito
Geodésico da Lameira (1332m alt.), Sª Montemuro, 19.06.2010
com o CAAL em Julho de 2009. Esta actividade teve a curiosidade de ambas as caminhadas partirem do mesmo ponto: as Portas do Montemuro, na estrada Castro Daire - Cinfães. No sábado rumámos a ocidente, sobre as Fragas do Inferno e à vista das ruínas das Minas de Pombeiro, antigas minas de volfrâmio. As panorâmicas são espectaculares, avistando-se o vale do Paiva e as serranias do S. Macário e do Portal do Inferno. Depois do vértice da Lameira, contornámos o vale de Sobreda e Moimenta, rumo ao caos granítico do Perneval e à aldeia de Aveloso ... sempre à "sombra" da "plantação" de eólicas que proliferam naquelas cumeadas.
Seguia-se a descida para a aldeia abandonada de Levadas e desta para a Tulha Nova, ao longo de velhas linhas de água e caminhos rurais.
Descida para a aldeia de Levadas, 19.06.2010
Espigueiro na aldeia abandonada de Levadas, 19.06.2010
Terminada a caminhada em Tulha Nova, o autocarro levou-nos ao longo do vale do Paiva até Castro
Entre as Portas e o cume do Montemuro, 20.06.2010
Daire e às termas do Carvalhal.
No dia seguinte ... regressávamos às Portas de Montemuro, para partir desta feita em direcção nordeste, rumo ao cume do Montemuro, a 1381 metros de altitude.
Sempre pela cumeada, seguimos depois para o alto da Pena e para a aldeia de Gralheira ... onde nos esperava uma piscina natural no rio Cabrum. Foi aqui o almoço, a que se seguiu a travessia do alto do Cotelo, até à aldeia do mesmo nome. O autocarro esperava-nos junto ao rio Balsemão ... para o regresso a Lisboa.
Alto da Pena e aldeia de Gralheira, serra de Montemuro, 20.06.2010
As duas caminhadas deste fim de semana em Montemuro:
O dia seguinte ao da travessia do Gerês, 12 de Julho de 2010, acordou mais
limpo e soalheiro do que o anterior. Tivéssemos tido assim o dia e teríamos
feito a travessia pela cumeada, como projectado. Mas
Subida à Chã da Broca, Serra Amarela, 12.06.2010
ninguém blasfemou contra os deuses da meteorologia; a travessia tinha sido
fabulosa! E dia 12 ... era o dia da Serra Amarela. Pouco depois das nove da
manhã, estávamos de novo na Portela do Homem, prontos para a
partida. E a partida era ... pela subida directa à
Chã da Broca, como eu a havia feito na prospecção de Maio
... quase a corta-mato ... quase de gatas...J!
O Pé de Cabril, visto da Chã da Broca, 12.06.2010
Mas, uma vez chegados ao topo, as panorâmicas eram francamente
compensadoras!
Pelo lado galego e à vista da Serra de Santa Eufémia, subimos
à Cruz do Touro (1232m alt.), para depois descer as moles
graníticas do Entre Esteiros e das Ruivas,
até ao Ramisquedo.
Subida à Cruz do Touro, Serra Amarela, 12.06.2010
Cruz do Touro, com a Louriça ao fundo, 12.06.2010
Este troço, sempre sobre o vale e a mata do Cabril, jubjuga
pela imponência dos grandes maciços graníticos, pela sensação de pequenez e
fragilidade que se apodera de nós. Por iniciativa de um dos meus companheiros
de jornada, fizemos na encosta das Ruivas um minuto de
silêncio, para escutar e respeitar a grandiosidade da envolvência em que
nos encontrávamos. Mal sabíamos nós que estávamos a executar ... como que um
requiem premonitório da tragédia que, dois meses depois, se
abateria sobre a Serra Amarela...
Dos Entre Esteiros para as Ruivas, Serra Amarela, 12.06.2010
Um louvor à Natureza nas Ruivas, 12.06.2010
Ramisquedo, com a Louriça ao fundo, Serra Amarela, 12.06.2010
Não estamos sós... Serra Amarela, 12.06.2010
Vale do Azevinheiro, Serra Amarela, 12.06.2010
O Ramisquedo, aos pés da Louriça, assinalou o ponto de
regresso à Portela do Homem. Tal como na minha caminhada
solitária de Maio, regressámos pelo Azevinheiro, a sul da
Cruz do Touro. E, também tal como naquela, parte do regresso foi comum,
descendo depois o estradão do Calvo até à
Portela do Homem, com as espectaculares panorâmicas sobre a
albufeira de Vilarinho das Furnas, a sudoeste, e o vale do
Alto Homem, a leste ... de onde havíamos vindo na véspera.
E estamos de regresso... 12.06.2010
Albufeira de Vilarinho das Furnas, da Serra Amarela, 12.06.2010
Estradão do Calvo, Serra Amarela, 12.06.2010
O vale do Alto Homem, visto do Calvo, Serra Amarela, 12.06.2010
E a "aventura" da travessia do Gerês e da Serra Amarela estava no fim. Na
Serra Amarela, tínhamos feito apenas 14 km, num percurso mais curto mas muito
semelhante ao da minha prospecção de Maio. Nos dois dias desta actividade
extra ... cerca de 40 km de Serra ... mas fundamentalmente dois maravilhosos
dias de comunhão com a Natureza, com a profundidade, a força e a
monumentalidade ... do "meu" Gerês!
Pode ver o álbum completo da travessia da Serra Amarela neste link ... e o vídeo no Youtube:
O mês de Junho de 2010 foi de intensa actividade, com os
Caminheiros Gaspar Correia. Para além da habitual caminhada
mensal que seria na Serra de Montemuro, no fim de semana de 19 e 20 há muito
Pitões das Júnias, "Casa do Preto", 11.06.2010
Com as amigas de há tantos anos, as Sr.as Marias
que eu idealizara também levar um grupo restrito, em actividade extra ... para
uma travessia Pitões das Júnias -
Portela do Homem, pelos Carris! No
calendário de 2010, essa travessia tinha ficado agendada para o fim de
semana grande do 10 de Junho. Foi para ela que em Maio tinha feito a
prospecção na Serra Amarela, que complementaria esta actividade TransGerês.
E assim, na tarde do dia 10 de Junho, com mais 26 caminheiros "aventureiros"
(incluindo a minha "sócia" caminheira), estávamos na aldeia "mágica" de
Pitões das Júnias. O tempo ... esse é que desta vez não
parecia estar do nosso lado. A previsão era de muitas núvens, alguma chuva ou
aguaceiros, que aliás pelo caminho se concretizaram. A nossa travessia estava
deveras condicionada.
Carvalhal do Teixo, início da travessia, 11.06.2010
De qualquer modo, pouco depois de chegarmos, fomos fazer o "aquecimento" para
a travessia, descendo ao velho Mosteiro das Júnias e à
cascata de Pitões. Escusado será dizer que o alojamento
e o jantar ... foram na habitual "Casa do Preto", com as minhas amigas de há tantos anos, as Sr.as Marias.
Dia 11 de manhã ... havia que decidir. O tempo estava feio: alguma chuva
miudinha, núvens baixas; a previsão apontava para alguma melhoria ... mas
pouca. A travessia pela cumeada não era de todo aconselhável. Mas, face às
previsões meteorológicas ... eu tinha estudado um Plano B...: talvez
pudéssemos fazer a travessia a meia encosta, pela Capela do
S. João da Fraga e junto aos
Cornos de Candela. Só que ... nunca havia feito esse percurso
... e tinha 26 pessoas para levar.
A minha confiança nas cartas e no GPS era contudo total, sabia que não
nos perderíamos ... mas evidentemente que as condições foram expostas aos meus
parceiros ... que entenderam confiar totalmente naquela minha certeza. E,
felizmente ... pelas 6 e meia da tarde estávamos todos na Portela do Homem!
Subida à Capela de S. João da Fraga, 11.06.2010
Na Capela de S. João da Fraga, 11.06.2010
Apesar das condições do tempo, esta travessia do Gerês acabaria por ser
fabulosa. Começando com chuva miudinha, embrenhámo-nos no carvalhal que desce
(e bem...) aos ribeiros da Aveleira e do
Beredo, para depois subirmos ao morro do
S. João da Fraga. Passámos perto da velha e perdida aldeia do
Júriz, mas a dimensão da jornada e as condições atmosféricas
aconselhavam a não fazer desvios. E subir ao
S. João da Fraga é qualquer coisa de espectacular ... até
porque os deuses nos começaram a dar algumas abertas. Com
Pitões no horizonte, toda a encosta sul do Gerês está aos
nossos pés, da barragem de Paradela às
Lagoas do Marinho.
Depois, a jornada transformou-se numa travessia propriamente dita ... a
travessia das múltiplas ribeiras e corgas a atravessar, o sobe e desce dos
respectivos vales, a envolvência espectacular da Natureza agreste, a sensação
de "perdidos" naqueles "meus" montes e vales mágicos! Passámos a sul dos
Cornos de Candela, cruzámos as
Lamas do Compadre e a Biduiça ... e cruzada
a Ribeira das Negras já estava em terreno conhecido! Daí para
a frente, era subir à Lamalonga e, eventualmente, aos
Carris.
Progressão para poente, ao longo da Serra do Gerês, 11.06.2010
A travessia das muitas corgas e ribeiras foi uma constante, 11.06.2010
Mas subir aos Carris naquelas condições atmosféricas não
traria mais valias significativas à travessia, até porque entretanto as
abertas regrediram e a chuva passou a mais ou menos contínua. Optei portanto
por cruzar a Lamalonga no sentido leste - oeste, cruzando a
cabeceira da Barroca de Trás da Pala, em direcção aos
currais das Abrótegas. Antes das três da tarde ...
estávamos no estradão dos Carris!
Subida para as Abrótegas, 11.06.2010
O vale do Alto Homem. Uma só palavra: espectacular!
11.06.2010
Dado que em 2008 subi aos Carris vindo de Lapela, esta foi a segunda vez que
fiz o estradão dos Carris ... 21 anos depois de o ter
descido, com alunos,
em 1989! A descida do vale do Alto Homem é qualquer coisa de
espectacular, mesmo num dia grandemente enevoado como aquele. Mas o
estradão ... ficou baptizado
como "o quebra molas" pela maioria dos companheiros que fizeram esta
travessia comigo. Efectivamente, custa a acreditar que por ali já passaram
veículos, ligeiros e pesados, durante as décadas em que as Minas dos Carris
estavam em pleno labor. Em Junho de 2010, a maior parte do "estradão" era um
mar de calhaus soltos, na reduzida largura de um carreiro em que a vegetação
se encarregou, nas últimas décadas, de ocupar a restante largura.
E findo o estradão, na Ponte de S. Miguel ... o mini-autocarro esperava-nos.
Tínhamos percorrido 26 km de serra, não pelo percurso previsto, sempre com um
dia muito cinzento e chuvoso ... mas todos estávamos felizes pela belíssima
caminhada que tínhamos acabado de fazer. No dia seguinte ... seria a vez da
Serra Amarela! A pernoita foi no Xurés galego, em
Lobios ... no
Hotel Lusitano.
Pode ver o álbum completo da travessia do Gerês neste link ... e o vídeo no Youtube: